sexta-feira, 29 março

Use a alimentação como aliada para alcançar o potencial máximo do cérebro e da memória. Bruna Genaro

Pense em uma máquina muito potente. A mais potente que você já viu. O que faz com que ela funcione corretamente? Sua fonte de energia e constante manutenção, certo? Agora vou lhe apresentar uma máquina ainda mais potente, e ela funciona aí dentro de você: seu cérebro.

O cérebro possui uma capacidade de processamento gigante. Ali são processadas milhares de informações, segundo a segundo: tomada de decisões importantes, outras nem tanto, funcionamento de órgãos e sistemas, aceleração ou desaceleração cardíaca, controle da respiração, controle de movimentos finos… Tudo é controlado pelo “chefe master”, o cérebro.

Para que o cérebro funcione da melhor forma possível, é necessário que saibamos como “alimentá-lo” corretamente. Assim como a mais potente máquina que você imaginou, nosso cérebro precisa de uma fonte de energia correta e de “manutenção” também. “O cérebro necessita de um bom aporte de nutrientes, momento a momento.

Combustíveis

Glicose

“Ele usa basicamente glicose como combustível para realizar todo o seu trabalho. Aproximadamente 20 a 25% do ‘açúcar’ que circula no nosso sangue é direcionado para o cérebro. Isso é tão importante que, quando não estamos comendo ou não ingerimos uma refeição contendo carboidratos, para mantê-lo funcionando temos um sistema integrado no fígado capaz de transformar proteínas corporais (e jamais gordura!) em glicose, a fim de manter níveis constantes desse substrato para o cérebro”, explica a professora de Nutrição do Centro Universitário da Serra Gaúcha,
Ana Lúcia Hoefel.

Desequilíbrio

“Mas, atenção, apesar de a glicose (ou açúcar do sangue) ser o combustível primordial usado por ele, comer alimentos doces e ricos em açúcar não é um bom negócio, pois isso acaba prejudicando o cérebro. A fonte de glicose para o cérebro deve ser alimentos contendo carboidratos ‘do bem’, os integrais e os açúcares das frutas”, alerta a professora. “Caso a ingestão desses carboidratos não seja de qualidade: carboidrato de fonte integral, como frutas, vegetais, cereais e leguminosas, não ocorrerá um equilíbrio dos nutrientes necessários para suprir as necessidades do cérebro e do corpo. A alimentação vegetal integral suprirá as necessidades e trará benefícios, potencializando o cérebro e suas diversas funções cognitivas”, acrescenta a nutricionista vegetariana e chef Giovanna Fraga, parceira do Espaço Viva, em Jacareí.

Gorduras

Além da glicose como principal fonte de energia para o cérebro, as gorduras são muito importantes para a massa encefálica. Elas funcionam como parte da membrana celular, aquela camada que cerca todas as células. “Para que o neurônio (célula responsável pela comunicação cerebral) funcione adequadamente, é necessário que suas membranas tenham quantidades adequadas do ácido graxo poli-insaturado ômega 3”, destaca Ana Lúcia.

Proteínas e vitaminas

As proteínas também têm papel importante no cérebro, já que elas fornecem aminoácidos que servem para as mais diversas funções, inclusive para produzir moléculas chamadas neurotransmissores, os “mensageiros” cerebrais. As vitaminas e os minerais são indispensáveis para o bom funcionamento do cérebro. Todas as vitaminas são importantes para o bom funcionamento cerebral, no entanto, o destaque fica para as vitaminas do complexo B, essenciais para a transformação da glicose em energia, além de auxiliarem na formação dos neurotransmissores.

Equilíbrio

Percebeu como uma boa alimentação tem papel fundamental no funcionamento do cérebro? Manter uma alimentação equilibrada é de extrema importância para a saúde mental e física. Quando comemos bem, estamos fortalecendo o corpo e colaborando com a prevenção de uma série de doenças e condições, como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares. Assim como qualquer outro órgão, o cérebro também precisa de nutrientes específicos para funcionar no seu potencial máximo.

Um estudo com 60 pessoas, realizado na Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, mostrou que os maiores consumidores de luteína (presente no espinafre e no abacate) exibiam memória e raciocínio mais afiados. Os cientistas acreditam que seja por conta da alta capacidade antioxidante do composto. Combater o excesso de radicais livres é uma estratégia primordial para a cabeça, já que o estresse oxidativo abre as portas para danos aos neurônios e às perdas cognitivas.

“Esses exemplos de nutrientes são fundamentais para ajudar o sistema nervoso a se comunicar adequadamente. Eles devem ser consumidos nas refeições diárias, para que a pessoa possa ter uma potencialização das funções cognitivas como memória e raciocínio lógico, protegendo, assim, o cérebro e o corpo da ação degenerativa dos radicais livres. Podemos constatar, ainda, que, excetuando as vitaminas D e B12, todos esses nutrientes protetores podem ser encontrados em uma alimentação vegetal e

balanceada”, enfatiza a nutricionista Giovanna Fraga. “Para que um alimento que denominamos ‘alimento funcional’ tenha efeito, promovendo a saúde, o consumo precisa ser diário, em porções adequadas. É fato que a nossa dieta deve conter duas porções de vegetais por dia. Isso equivale à metade do prato no almoço e no jantar. E que o consumo de frutas deve ser de, no mínimo três porções ao dia, com cores diferentes”, acrescenta a professora de nutrição Ana Lúcia Hoefel.

Os “vilões” do cérebro

Da mesma forma que temos alimentos, vitaminas, minerais e aminoácidos que ajudam no funcionamento da nossa “sala de controle”, também existem alimentos e atitudes que degeneram o raciocínio rápido e lógico, diminuindo sua capacidade de regeneração celular. “Sem dúvida alguma, os grandes vilões do cérebro são os açúcares e doces, os carboidratos refinados, de elevado índice glicêmico (ou seja, que se transformam em açúcar e chegam ao sangue de forma muito rápida). Esses alimentos têm cada dia mais sido associados ao desenvolvimento de Alzheimer”, destaca a professora de Nutrição Ana Lúcia Hoefel, do Centro Universitário da Serra Gaúcha.

De acordo com a nutricionista vegetariana e chef Giovanna Fraga, os principais inimigos do cérebro são: álcool (danos no sistema nervoso central e dependência); nicotina (danos irreversíveis nos neurônios e dependência); cafeína (deixa ligado, mas paradoxalmente desfocado e menos produtivo); gorduras trans e saturadas; açúcar refinado; embutidos em geral (ricos em nitritos e nitratos); carnes vermelhas em excesso; remédios para dormir; aditivos químicos (conservantes, emulsificantes, corantes). “Gordura e açúcar são introduzidos na maioria dos produtos alimentícios industrializados em grande concentração, causando a secreção de grandes quantidades do neurotransmissor dopamina, que causa dependência nesses produtos”, alerta a nutricionista.

“Um segredinho meu: quando preciso muito que meu cérebro funcione, entro em jejum. Quantas vezes preciso dirigir 18 horas seguidas sem cochilar e distrair; então simplesmente entro em jejum terapêutico: é aquele em que você é nutrido, mas não tem digestão. Levo garrafas de suco de uva ou outros sucos, e passo muito bem. Quando preciso estar bem para uma entrevista, uma prova, eu entro em jejum e meu cérebro fica claro; parece que desembaça”, conta a bioquímica Mary de Carvalho. “Preserve seu cérebro e seu corpo, demonstrando seu amor por meio do cuidado que você tem consigo; este é o maior tesouro que você possui: sua saúde!”, finaliza a nutricionista Giovanna Fraga.

Bruna Genaro é Jornalista

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