quinta-feira, 28 março
ventre de femme enceinte avec main

Foto: Fotolia

A chegada de um filho pode e deve ser um momento tanto seguro, quanto satisfatório. Em meio ao debate sobre qual procedimento adotar, é preciso lembrar que cada caso é um caso. Sendo assim, o melhor parto é o parto adequado a você
Por Agatha Lemos
As muitas opções do terceiro milênio parecem empoderar os indivíduos, tornando-os, ao mesmo tempo, objetos de disputa do mercado, das tendências, dos discursos e práticas de vários segmentos. Se esse é o cenário atual, certamente ele se estenderia às muitas etapas da vida, inclusive a da gestação e nascimento de um filho.
As opiniões variam na hora de decidir sobre o tipo de parto a ser realizado. Muitas mulheres passam o período todo da gravidez sonhando com um parto normal, segundo os ditames biológicos do seu próprio corpo. Outras, preferem agendar o dia da chegada do herdeiro, confiando esse momento ao médico e aos recursos tecnológicos.
Há também um movimento que vem crescendo, um apelo às futuras mamães para que elas busquem fazer do nascimento da criança o instante mais natural e fraterno possível. Em casa, com o pai presente e todo o envolvimento da atmosfera do lar, o bebê é bem-vindo ao mundo.
Se fosse tudo tão simples como a descrição acima, talvez a discussão em torno do parto cessaria. O problema é que nem sempre o proposto pelo médico coincide com o desejo da mãe e vice-versa. Nem sempre a escolha da família se encaixa nas condições de saúde e segurança da gestante. Nem sempre a propaganda é a voz da razão.
É por isso que, em meio a tanto burburinho, cada mulher deve planejar com responsabilidade a chegada do filho. Mais do que idealizar, o importante é respeitar as características do próprio corpo e se preparar para a opção que lhe for mais propícia.
Parto normal, e não se fala mais nisso!
Apesar da explosão das cesarianas, acredite, há muitas mulheres que sonham com o parto normal. Por motivos pessoais, por conselhos, crendices ou campanhas, o desejo pela realização do parto normal ganha forças novamente, como se fosse um contraponto à expansão da medicalização que se deu nesse sentido também.
Se nossos ancestrais nasceram naturalmente, de acordo com o tempo e as condições espontâneas, porque não poderíamos seguir o mesmo modelo? O argumento tem lá seu valor, o problema é que, ao defender esse ponto de vista, muita gente se esquece de que, no passado, muitas mães e seus bebês morriam pela falta de cuidados devidos.
De toda maneira, a humanidade se multiplicou e hoje já somos mais de sete bilhões de habitantes no planeta Terra. Então, o que pensar?
Para ajudar a mulher brasileira a tomar sua decisão nessa hora, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), em parceria com o Hospital Israelita Albert Eisntein (HIAE) e o Institute for Healthcare Improvement (IHI), criou uma campanha arrojada: o projeto Parto Adequado.
Com o apoio do Ministério da Saúde, o projeto tem por objetivo identificar modelos inovadores e viáveis de atenção ao parto e nascimento, que valorizem o parto normal e reduzam o percentual de cesarianas desnecessárias.
Além disso, a iniciativa prevê também sensibilizar gestantes e profissionais de saúde a fim de que os partos agendados sejam substituídos pelos partos normais. A campanha aproveita para alertar sobre o aumento significativo de cesarianas nos períodos de férias, especialmente por ocasião do Natal e do Ano Novo.
Em consequência disso, cresce também o número de bebês que nascem prematuros. “Os meses de dezembro a fevereiro são um período em que notamos aumento das cesáreas desnecessárias agendadas em função das diversas datas comemorativas. Para prevenir as gestantes, mobilizar os profissionais de saúde e alertar a sociedade, elaboramos esta campanha, que tem o objetivo de alertar para os riscos das cesarianas sem necessidade e sensibilizar as gestantes, seus familiares e também os profissionais de saúde”, explica a diretora de Desenvolvimento Setorial da ANS, Martha Oliveira.
Desde outubro de 2014, as instituições envolvidas com o projeto têm desenvolvido estratégias para a redução de partos cirúrgicos. Clínicas, hospitais e maternidades que vêm aderindo à proposta também se movimentam no sentido de fazerem adequações de recursos humanos e ambiência hospitalar, afinal não basta compartilhar dos mesmos princípios da campanha, é preciso ter como atender à demanda posterior.
Mais de 37 hospitais privados e quatro com atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), além do Albert Einstein, que também atende ao SUS, estão dentro do programa. Até agora, a taxa de partos normais está em uma curva ascendente: passou de 19,8% em 2014 (média) para 27,2% em setembro de 2015. A redução da taxa de cesáreas para 72,8% após a implantação do projeto equivale ao salto que o índice deu em praticamente uma década – de 2006 a 2015 –, período em que passou de 75,5% para 85,5%.

Por que evitar o parto cirúrgico?
Estudos científicos apontam que bebês nascidos de cesarianas apresentam riscos maiores de dificuldades respiratórias e são internados em UTI neonatal com mais frequência. Quando não tem indicação clínica, a cesariana aumenta em 120 vezes a probabilidade de problemas respiratórios para o recém-nascido e triplica o risco de morte da mãe. Cerca de 25% dos óbitos neonatais e 16% dos óbitos infantis no Brasil estão relacionados à prematuridade. Em cesarianas desnecessárias, o recém-nascido pode sofrer complicações respiratórias imediatas, e se o parto for realizado antes das 39 semanas de gestação, o nascimento pode ocorrer antes da completa maturação pulmonar do bebê. E como em toda intervenção cirúrgica, existe risco de mortalidade derivada do próprio ato cirúrgico ou da situação vital de cada paciente.
Fonte: Ministério da Saúde/Blog da Saúde

“Logo no início da gravidez optei pelo parto normal. Comuniquei minha médica que, prontamente, acolheu meu pedido e disse que iria até o fim comigo para atender ao meu desejo. Contudo, por eu já ter mais de trinta e cinco anos, e por um problema de saúde que me levou a tomar antibióticos, senti-me mais segura em fazer o parto normal hospitalar. O parto cirúrgico seria, então, um plano B apenas. Apesar das dores e de uma espera de mais de seis horas, só tenho boas lembranças. Em uma sala de parto normal oferecida pelo hospital, fui sendo estimulada para a chegada da minha filha. Toda a equipe médica, a doula que me acompanhava e meu marido torciam por mim. Eles foram pacientes e respeitosos o tempo todo. Para nossa surpresa, a bebê virou e, por isso, não descia pela pelve. A fim de não precisar fazer a cesariana, minha médica colocou a mão em mim e virou minha filha. Ela realmente fez de tudo para que eu tivesse o parto normal. Tenho certeza de que fiz a melhor escolha, pois meu parto foi demorado e apresentou certa complicação ao final. Senti-me protegida. Foi um momento maravilhoso e inesquecível para todos, especialmente para o meu marido que foi o primeiro a pegar a bebê, que, com os olhinhos abertos, já olhava para ele”, Sheila Arantes, Tatuí (SP) [Foto: Rithelle Mareca].

“Logo no início da gravidez optei pelo parto normal. Comuniquei minha médica que, prontamente, acolheu meu pedido e disse que iria até o fim comigo para atender ao meu desejo. Contudo, por eu já ter mais de trinta e cinco anos, e por um problema de saúde que me levou a tomar antibióticos, senti-me mais segura em fazer o parto normal hospitalar. O parto cirúrgico seria, então, um plano B apenas. Apesar das dores e de uma espera de mais de seis horas, só tenho boas lembranças. Em uma sala de parto normal oferecida pelo hospital, fui sendo estimulada para a chegada da minha filha. Toda a equipe médica, a doula que me acompanhava e meu marido torciam por mim. Eles foram pacientes e respeitosos o tempo todo. Para nossa surpresa, a bebê virou e, por isso, não descia pela pelve. A fim de não precisar fazer a cesariana, minha médica colocou a mão em mim e virou minha filha. Ela realmente fez de tudo para que eu tivesse o parto normal. Tenho certeza de que fiz a melhor escolha, pois meu parto foi demorado e apresentou certa complicação ao final. Senti-me protegida. Foi um momento maravilhoso e inesquecível para todos, especialmente para o meu marido que foi o primeiro a pegar a bebê, que, com os olhinhos abertos, já olhava para ele”, Sheila Arantes, Tatuí (SP) [Foto: Rithelle Mareca].

 Agendamento de parto
Não sei se este é seu caso, mas existem outras situações por aí que acabam exigindo que o parto seja uma cesariana. Muitas mulheres têm realmente medo da dor que o parto normal possa causar; outras têm medo das horas que precisarão esperar até que a dilatação esteja propícia para a saída do bebê.
Há mulheres que se preparam com exercícios, alimentação e até meditação para ter um parto normal. Contudo, no meio do caminho, aparece uma limitação que poderia colocar ambos em risco: mamãe e bebê.
São muitas as possibilidades, mas gostaria de avançar para as mulheres que, ao exercerem seu direito de escolha, tomam a decisão pela cesariana. Elas devem ser respeitadas da mesma forma que aquelas que escolhem outro tipo de procedimento.
Digo isso porque até bem pouco tempo atrás a cesariana seria mesmo a opção do momento, mas, nos dias de hoje, com militâncias em torno do retorno ao parto normal, algumas gestantes podem se sentir constrangidas ao dizer que preferem mesmo é agendar o nascimento do filho.
O ponto em questão, na verdade, tem que ver com o exagero em torno do parto cirúrgico. Só para se ter ideia, a recomendação da Organização Mundial da Saúde é que a taxa de cesáreas seja de até 15% dos partos. No Brasil, na saúde suplementar (planos de saúde, por exemplo), esse percentual chega a 84%. Na rede pública o número é menor, cerca de 40%.
Com uma taxa tão alta de cirurgias, tem sido necessário criar maneiras de conscientizar a população e o próprio setor de saúde. Pacientes e funcionários de saúde precisam de educação e informação; precisam conhecer as reais vantagens ou riscos de se aguardar o início do trabalho de parto.
Saber esperar o tempo certo, de quando o bebê está maduro, pode impedir inúmeras complicações. De acordo com o diretor superintendente do Einstein, Miguel Cendoroglo Neto, um nascimento prematuro pode ocasionar problemas pulmonares, icterícia, falta de capacidade de manter a temperatura ou de manter a sucção para uma boa alimentação, além de outros mais complexos.
Jacqueline Torres, coordenadora do projeto Parto Adequado, defende que “não há evidências científicas que justifiquem agendar um parto com antecedência, salvo algum risco claro para a saúde da mãe e do bebê. Por isso é importante se informar, buscar a opinião de outros profissionais, conversar com o médico”.
“Mas há situações que exigem a cesariana, como quando há alterações nos sinais vitais do bebê ou não há progressão da dilatação durante o trabalho de parto. E há cesáreas eletivas em casos de placenta baixa, bacia estreita e problemas maternos que indiquem a via alta”, diz a Dra. Rita de Cássia Sanchez, obstetra e especialista em Medicina Fetal do Einstein.
Já para o obstetra do Hospital Israelita Albert Einstein, Eduardo Cordioli, “o parto deve ser compreendido como o epílogo de uma história de nove meses de duração, com o acompanhamento e preparo para que o nascimento ocorra de forma segura. O parto adequado será aquele que fecha essa jornada com mãe e o bebê saudáveis”.
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“Desde minha primeira gestação sonhava com um parto normal. Na época, três anos atrás, consegui que minha filha nascesse de parto normal hospitalar. Contudo, essa não foi uma das minhas melhores experiências. Além da censura de pessoas próximas, alegando que seria uma loucura optar pelo parto normal em uma época com tantos recursos para o parto cirúrgico, senti que a equipe de plantão que me atendeu agia com o mesmo sentimento. Quando engravidei pela segunda vez, pesquisei ainda mais sobre partos naturais. Analisei os possíveis riscos e as vantagens de fazer um parto domiciliar, humanizado. Apesar de alguma resistência médica ainda enfrentada, houve quem me apoiasse, especialmente meu marido que foi, praticamente, um “doula” para mim. Foi tudo perfeito, espontâneo e natural. Contratei duas profissionais de saúde: uma parteira e uma obstetra profissional. Elas entraram em casa com muitos equipamentos, dando-me segurança de que tudo correria bem. Depois de seis horas em trabalho de parto, meu filho veio ao mundo. Foi muito emocionante para toda a família, principalmente para minha mãe que pôde cortar o cordão umbilical de seu netinho. Com o parto domiciliar e toda a tranquilidade que ele me proporcionou, posso dizer que me redimi como mãe e mulher”, Gisele Tilgner, Tietê (SP) [Foto: Rithelle Mareca].

“Desde minha primeira gestação sonhava com um parto normal. Na época, três anos atrás, consegui que minha filha nascesse de parto normal hospitalar. Contudo, essa não foi uma das minhas melhores experiências. Além da censura de pessoas próximas, alegando que seria uma loucura optar pelo parto normal em uma época com tantos recursos para o parto cirúrgico, senti que a equipe de plantão que me atendeu agia com o mesmo sentimento. Quando engravidei pela segunda vez, pesquisei ainda mais sobre partos naturais. Analisei os possíveis riscos e as vantagens de fazer um parto domiciliar, humanizado. Apesar de alguma resistência médica ainda enfrentada, houve quem me apoiasse, especialmente meu marido que foi, praticamente, um “doula” para mim. Foi tudo perfeito, espontâneo e natural. Contratei duas profissionais de saúde: uma parteira e uma obstetra profissional. Elas entraram em casa com muitos equipamentos, dando-me segurança de que tudo correria bem. Depois de seis horas em trabalho de parto, meu filho veio ao mundo. Foi muito emocionante para toda a família, principalmente para minha mãe que pôde cortar o cordão umbilical de seu netinho. Com o parto domiciliar e toda a tranquilidade que ele me proporcionou, posso dizer que me redimi como mãe e mulher”, Gisele Tilgner, Tietê (SP) [Foto: Rithelle Mareca].

Parto mais aconchegante
Você também já deve ter ouvido falar do parto normal domiciliar. Trata-se de algo que, ao mesmo tempo em que remete ao passado, quando as parteiras eram as responsáveis pela chegada de muitos bebês ao mundo, remete igualmente ao presente (quando o procedimento vem ganhando novo status) e a uma tendência futura, de quem deseja que o parto seja o mais natural e terno possível.
Mas existem outras razões também para que o parto seja realizado em casa. Comunidades rurais, por exemplo, nem sempre contam com assistência médica, seja pela distância, seja por falta de recursos, ou outros pontos que, isolando-as, tornam quase obrigatório o auxílio de uma parteira.
O parto domiciliar, nos dias de hoje, contudo, tem sido uma escolha até de quem tem condições para outros tipos de parto. Contando com a presença de uma equipe de saúde multidisciplinar, muitas mulheres optam por dar à luz em casa, de modo bastante natural. Enquanto isso, enfermeira, obstetriz, parteira e doula trabalham em equipe para que tudo seja tranquilo e inesquecível.
Além delas, o pai é convidado a participar do momento, dando apoio à mulher. Também tem se tornado cada vez mais comum a participação de fotógrafas especialistas em parto.
Muita gente defende o parto domiciliar, realizado no aconchego do lar, sem pressa e sem pressão. De acordo com Karin Bienemann, enfermeira obstetra e parteira domiciliar, para que a realização do parto ocorra em casa, algumas medidas de segurança devem ser observadas: a gestante tem que ser de risco habitual (baixo risco), isso significa que não pode ter patologia de base, como diabetes gestacional, hipertensão arterial ou outra morbidade.
O acompanhamento do pré-natal é realizado pelo obstetra da escolha da gestante e pela equipe do parto. Durante o trabalho de parto, a parteira domiciliar tem todo o material necessário para situações de emergência, como oxigênio, medicações e outros materiais que compõem uma sala de parto hospitalar.
No pré-natal, ainda, a equipe vai orientar o casal sobre gestação, sinais de trabalho de parto e fases do parto, discutir o plano de parto, plano b, taxas de insucessos, transferência – tudo é acordado entre equipe e casal.
O cuidado do parto em casa é grande. Muitas vezes, há duas parteiras para uma parturiente, aumentando, assim, a segurança, pois, a qualquer sinal de perigo, é feita a transferência para o hospital.
Apesar de todos os cuidados, há quem tema ganhar seu bebê longe de um hospital ou sem a presença médica. Ainda que raros, a imprensa já noticiou casos em que o parto domiciliar trouxe complicações e até morte da mãe ou do bebê (ou ainda de ambos).
No entanto, a impressão que se tem é de que histórias assim são exceção. Eugene Declercq, obstetra e professor, é um ativista norte-americano que, por ocasião da 9ª edição da conferência “Normal é natural, da pesquisa à ação”, realizada no Rio de Janeiro, em 2014, declarou que os médicos impõem a maior parte das cesarianas desnecessárias. Em entrevista ao jornal O Globo, Eugene ousou declarar: “Se você conhece uma parteira, use-a.”

O que é a cesariana?

A cesariana é uma forma de parto realizada pelo ato cirúrgico, no qual é feita uma incisão no abdômen e outra no útero para se chegar ao bebê. Um parto cesário dura em média de 45 minutos a uma hora. O nascimento do bebê costuma ocorrer já nos primeiros 15 minutos de ato cirúrgico, mas o obstetra ainda precisa de pelo menos mais 30 minutos para realizar todas as suturas, incluindo útero, músculos e pele.Fonte: Dr. Pedro Pinheiro/site md.saude.com

Eugene defende que o parto ideal é aquele em que as intervenções são feitas somente quando necessárias. Ele acredita que os médicos acabam abraçando os riscos de uma intervenção cirúrgica sem ter sinais de riscos do outro lado.
Diante disso, ele afirma que pesquisas já comprovaram que a melhor forma de evitar a morte de mulheres e bebês durante o parto é o apoio de parteiras e a relação que elas constroem com as mães durante o trabalho de parto. Se o sistema for bom e não houver necessidade de intervenção, Declercq garante que uma parteira dará conta de tudo.
Para Adailton Almeida, um dos precursores do parto humanizado (que pode ser domiciliar ou não), o parto não deveria depender de lugar, mas, sim, das condições de gestação da mulher e da atitude profissional em acompanhar o parto com o mínimo de intervenção possível, apenas para garantir a saúde da mãe e do filho.
Fernanda Fernandes, formada em obstetrícia pela Universidade de São Paulo (USP), acompanha de perto diversos partos. No caso do parto domiciliar, ela conta como é possível usar métodos simples, mas que trazem alívio à dor e à ansiedade da futura mãe. “Nem sempre é preciso usar produtos e procedimentos farmacológicos. Banho de aspersão, massagens, aromaterapia, banheira para relaxamento, entre outras técnicas, ajudam e muito enquanto se espera a chegada do bebê.”
Ivanilde Rocha, enfermeira obstetra, diz com muito orgulho que é também parteira. “Antigamente, autodenominar-se parteira era um tanto pejorativo porque dava a impressão de que se tratava de uma pessoa com pouco estudo. Felizmente, isso mudou e hoje podemos ver profissionais da saúde de alto gabarito apoiando tanto o trabalho da parteira, quanto o parto humanizado”, declara.
Com cerca de trinta mil partos no currículo, Ivanilde admite ter se apaixonado pelo parto domiciliar. “Em 1999, eu renasci como enfermeira obstetra ao me tornar definitivamente parteira. De lá para cá foram inúmeros momentos de pura emoção. Cada parto, cada pai e mãe, trazem uma expectativa maravilhosa. Lembro-me, com muito carinho, de um parto que realizei em Guaxupé (MG), de um casal cego que esperava seu primeiro filho. Apesar de eles não poderem ver, puderam experimentar sensações incríveis, como a de o pai (apesar de sua cegueira) ter, sob meus cuidados e orientação, cortado o cordão umbilical de seu filho. Isso são coisas que somente o parto humanizado permite”, revela, emocionada.

Foto: Rithelle Mareca

“Escolhi o parto agendado (cesariana) porque eu realmente sempre tive medo de parto normal. Fiquei muito tranquila quando agendei o parto, porque eu sabia que no dia e hora marcados eu teria meu filho. Muita gente criticou, dizendo que o parto normal é melhor, pois não é cirúrgico, além de oferecer uma recuperação mais rápida. Mas não teve jeito: eu só consegui me sentir segura ao deixar tudo previamente combinado”, Michele Nestoli, Cesário Lange (SP).

Rithelle se especializou em fotografias de parto.

Rithelle se especializou em fotografias de parto.

Emoção indescritível
Seja no hospital ou em casa, normal ou por cesárea, o parto é um momento incrível e único na vida da mulher. É também uma ocasião muito íntima que, pouco a pouco, vem se abrindo para o profissional da fotografia (em especial mulheres) que, apesar do sangue e da dor, conseguem registrar cenas lindíssimas de pura emoção.
Para a fotógrafa Rithielle Mareca, que há quatro anos se especializou em fotografar partos, todos têm seu encanto. “Já fotografei parto normal no hospital, já fotografei parto normal domiciliar e também inúmeras cesarianas. Posso garantir que cada parto tem sua própria magia. É o sorriso da mãe misturado às lágrimas de alegria; é o rostinho do bebê; é a equipe médica ou da parteira que festeja cada parto como se estivesse fazendo isso pela primeira vez. Sinceramente, sinto-me privilegiada por participar desses momentos com as famílias. Não consigo dizer que tipo de parto é o mais bonito. Todos eles, cada qual à sua maneira, têm sua própria beleza e sensibilidade. O parto é um dos poucos momentos da vida em que a felicidade parece plena, pois toma conta de todas as pessoas envolvidas.”
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Vantagens do parto normal
Pesquisas comprovam que a passagem pelo canal vaginal, na hora do nascimento, coloca o bebê em contato com bactérias naturalmente presentes nessa área do corpo da mulher, fortalecendo seu sistema imunológico e prevenindo o desenvolvimento de alergias e outros problemas de saúde no futuro. O trabalho de parto, ao contrário de um sofrimento para a criança, significa amadurecimento: a intensificação gradual das contrações musculares do corpo da mãe, necessárias para o bebê nascer, favorece a prontidão para o nascimento e o contato com o mundo – ritmo cardíaco, fluxo sanguíneo e maturação pulmonar são gradativamente trabalhados. A ciência já demonstrou também que hormônios naturalmente atuantes durante o trabalho de parto favorecem o vínculo entre mãe e bebê, o aleitamento materno e a recuperação pós-parto.
Fonte: Dr. Pedro Pinheiro. Site: md.saude.com

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