A paralisação dos caminhoneiros
E a fragilidade das estruturas humanas
No fim do mês de maio, os caminhoneiros do Brasil paralisaram suas atividades por mais de uma semana. Em tão pouco tempo a greve ajudou a revelar uma faceta pouco percebida pelas pessoas, da qual apenas se dão conta quando ocorrem guerras ou tragédias naturais: nossas estruturas e nossos sistemas são extremamente frágeis.
Os combustíveis simplesmente acabaram nos postos. Voos foram cancelados por falta de querosene para os aviões. Nos supermercados foram notados os efeitos do desabastecimento. Algumas cidades quase ficaram sem água tratada, pois os produtos químicos usados no processo não estavam chegando às estações de tratamento. Dezenas de navios foram impedidos de descarregar seus contêineres nos portos. Em poucos dias nossa vida virou de pernas para o ar.
Em uma semana nos demos conta uma vez mais de quão frágeis são nossas estruturas e nossos sistemas. Da noite para o dia tudo aquilo em que muita gente coloca a confiança – dinheiro, tecnologia, modernos meios de transporte – pode simplesmente acabar. Percebemos que o mundo carece de uma esperança real, com fundamentos sólidos.
No Salmo 121, versos 1 e 2, o salmista faz uma pergunta e ele mesmo a responde: “Levanto os meus olhos para os montes e pergunto: De onde me vem o socorro? O meu socorro vem do Senhor, que fez os céus e a Terra.” De fato, nosso socorro não vem dos montes, não vem da nossa conta bancária, não vem da nossa saúde que tem prazo de validade, não vem da força das nossas mãos e das obras que elas podem realizar. Nosso socorro não vem das coisas que inventamos. Elas até ajudam, mas são frágeis, transitórias e podem desabar como um castelo de cartas no curto período de uma semana ou menos.
Pior que a perda das estruturas é a perda da vida. Quando morre uma pessoa querida, aí, sim, é que nos damos conta da fragilidade da existência humana. E isso pode acontecer a qualquer momento, num piscar de olhos. Quando o ser humano altivo, orgulhoso de seus feitos se dará conta de tudo isso? Sem Deus não temos esperança alguma, e uma simples greve de caminhoneiros nos fez perceber isso no curto intervalo de tempo de uma semana…
As pessoas precisam parar de olhar para os “montes” como se de lá lhes viesse o socorro. Precisam parar de confiar tanto nas obras de suas mãos, nas estruturas que construíram e que lhes parecem tão sólidas. Essas coisas são apenas paliativos para um problema maior. Não temos condições de salvar a nós mesmos. Precisamos do poder da esperança; precisamos do Deus da esperança, o Criador do Universo.
Michelson Borges é jornalista e editor da revista Vida e Saúde
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