sábado, 27 julho

Amor empírico

Texto por: admin 14 julho, 2016 Sem comentários

Ele é como o vento: invisível, mas sensível

Outro dia assisti ao filme Interestelar. Muito interessante! Em resumo, Interestelar se passa em um futuro em que a Terra se torna um lugar insustentável, após boa parte de seus recursos naturais haver sido consumida. É preciso pensar em maneiras de manter o planeta habitável para quem vive nele e para as gerações futuras.

Sendo assim, um grupo de astronautas decide explorar o espaço, a fim de encontrar um planeta que possa abrigar a família humana, caso a Terra deixe mesmo de ser esse lugar. Os exploradores espaciais saem em missão e acabam descobrindo um buraco negro capaz de proporcionar viagens pelo espaço e pelo tempo. Pura ficção científica. Tudo me chamou a atenção, mas quero destacar uma cena em que ocorre um embate sobre em qual planeta deveriam pousar.

Uma astronauta, movida pela esperança de encontrar outro astronauta (dado por morto), era a única a defender determinada direção. Sem dados tão precisos e sucumbindo à insinuação de que havia escolhido o planeta porque estava apaixonada, ela acaba reconhecendo seu sentimento e justificando que, apesar de ainda não ser algo que entendamos completamente, o amor seria, sim, observável e poderoso.

No filme, a personagem não diz isso por dizer. Não se trata apenas de romantismo, mas da convicção de que o amor seria capaz de resolver um problema de ordem científica, no caso, do entrelaçamento quântico. É como se apenas o amor transcendesse tempo e espaço e, conquanto ainda não tão compreensível, poderia ser ele o artefato de uma dimensão maior, ainda não descoberta.
No final das contas, eles optam por outro planeta, com base em informações mais “seguras”. Mas não podemos negar que o discurso científico sobre o amor mexe com nossas reflexões. Evidentemente, assim como no filme, não chegamos à compreensão perfeita do amor. Apenas o desfrutamos em parte. Mas já podemos concordar em declarar que ele é forte e opera milagrosamente na vida das pessoas.

Ele está na amizade verdadeira, no voto matrimonial, no nascimento de um filho, na adoção de uma criança, na renúncia da vontade própria, egoísta, em favor do benefício alheio. O amor está aqui e ali, movendo pessoas e corações. É bem verdade também que, com tanta maldade no mundo, nem sempre o reconhecemos. Ele age como o vento, invisível, mas sensível.

Muito mais do que um vínculo social, do que a caridade expressa, o amor é um princípio, é o início de tudo. Ele é a cura. Certamente, as doenças mentais não cresceriam tão aceleradamente se nos amássemos mais.

Ansiedades, compulsões, transtornos – esses e outros meios de tentar sufocar a dor, a não aceitação de si mesmo, os traumas – poderiam ser superados com doses cavalares e periódicas de amor.

Falo do amor que liberta, do amor exemplificado pelo mestre Jesus. Nos evangelhos, aprendemos que, logo bem cedo, Jesus já estava em oração, buscando amor na fonte para distribuí-lo ao redor. Seu amor foi carinho, provisão, perdão, questionamento, respeito e até repreensão. Residia nEle o equilíbrio contextualizado ao exercer a força do amor.

Um dia, o amor habitou na Terra em carne e osso. Todo o mistério da existência estava ali, numa modesta manjedoura. O amor encarnou-se, embalado de simplicidade e amou desmedidamente. Desprovido dos valores terrenos, Ele simplesmente amou com tudo o que tinha: seu verdadeiro ser.

Bem, se é assim, nós também podemos amar. Também podemos curar e ser curados pelo amor. Não, não é fácil. Mas é possível. Meu humilde conselho é que você faça como o Mestre e, logo de manhã, vá buscar na fonte, ou seja, em Deus a torrente que o fará amar. Em oração, peça que o amor verdadeiro o inunde a ponto de que você se torne uma influência transformadora para o bem.

O amor é, sim, também ciência, pois é altamente verificável. Ame mais. Permita-se ser amado, e observe empiricamente quanto sua vida mudará para melhor!

Agatha Lemos é editora associada de Vida e Saúde

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