sexta-feira, 06 dezembro

Códigos universais?

Texto por: Agatha Lemos 20 março, 2019 Sem comentários

Você já parou para se perguntar se existem normas que se encaixam para todo mundo, em qualquer época e em qualquer lugar? Talvez não tenhamos muito tempo para este tipo de reflexão, vivemos a vida num fluxo quase que inato. Nos dias de hoje, então, em que a pluralidade é cada vez mais exposta fica mais difícil imaginar que alguma regra áurea possa reger todo o planeta.

As centenas de culturas e dialetos, as etnias, milhares de religiões, o gênero, a idade… Da perspectiva da probabilidade, seriam infinitas as combinações da existência e do modo de existir. Como se isso já não bastasse, surgem ainda movimentos que relativizam até mesmo as únicas poucas certezas que pareciam sobrar nesse mosaico que é a história da vida.

Sete regras morais de todas as culturas

Antropólogos da Universidade de Oxford, no Reino Unido, após realizarem uma pesquisa com pelo menos 60 culturas diferentes de todo o mundo e analisarem relatos etnográficos de ética com mais de 600.000 palavras de mais de 600 fontes, chegaram às seguintes regras morais básicas:

  1. Ajude sua família;
  2. Ajude seu grupo;
  3. Retorne favores;
  4. Seja corajoso;
  5. Obedeça a seus superiores;
  6. Divida os recursos de forma justa;
  7. Respeite a propriedade alheia.

A conclusão, bem como o estudo, foi publicada na revista científica Current Anthropology: “O debate entre universalistas morais e relativistas morais tem durado séculos, mas agora temos algumas respostas. As pessoas em todos os lugares se deparam com um conjunto similar de problemas sociais e usam um conjunto similar de regras morais para resolvê-los. Como previsto, essas sete regras morais parecem ser universais em todas as culturas. Todos, em todos os lugares, compartilham um código moral comum. Todos concordam que cooperar, promover o bem comum, é a coisa certa a fazer,” disse o coordenador do estudo, professor Oliver Scott Curry.

E os 10 mandamentos?

Uma análise mais aprofundada identificará a relação entre as sete regras morais observadas pelos antropólogos e o decálogo divino. Contudo, o embate em cima da validade dos dez mandamentos continua dividindo opinião até mesmo entre aqueles que creem, mas que por diferentes razões acabam relativizando aquilo que é moralmente universal e atemporal.

A aplicabilidade dos dez mandamentos não tem que ver com época, povo ou legalismo. Não! Ao contrário, tais ordenanças são altamente funcionais e tornariam mais civilizadas, protetivas, respeitosas e amorosas as sociedades.

Mas os dez mandamentos são mesmo necessários? Jesus não os encurtou em apenas dois? Ao ler com atenção os dez itens, fica evidente que os quatro primeiros dizem respeito ao relacionamento entre o homem e Deus, criatura e criador. Já os outros seis itens dizem respeito ao relacionamento entre os seres humanos, criatura e criatura.

É por isso que ao ser perguntado sobre qual seria o maior mandamento de todos, Jesus respondeu: “‘Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento’. Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas” (Mateus, 22:37-40).

Sendo assim, nem Jesus nem Sua morte ou ressurreição aboliram qualquer um dos dez mandamentos. Ao resumi-los em dois, Ele confirmou que para as coisas darem certo é preciso observar aquilo que Deus pede em relação a Ele e aquilo que Ele pede em relação ao próximo.

Se adotássemos tal ética, o mundo seria bem melhor.

Agatha Lemos é Jornalista e mestre em Ciência

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