sexta-feira, 11 outubro

Cuidado com a impulsividade!

Texto por: admin 4 maio, 2018 1 comentário

A mente controlada pela emoção pode levar pessoas a atos impensados

Uma pessoa impulsiva se intromete em conversas ou brincadeiras dos outros, tem a tendência de responder antes de a pergunta ser completada, não espera sua vez, faz coisas precipitadamente sem pensar.

Outro dia, me chamou a atenção uma propaganda na internet: a imagem de um cachorro saltando num precipício querendo abocanhar uma ave que passava por ali, sem considerar que iria morrer devido à altura do abismo. Quem criou aquela figura, colocou junto da imagem três frases como lições para a vida. Após ler aquelas frases, e gastar um tempo refletindo sobre a atitude do cachorro e sobre as três lições mencionadas, me veio à mente uma quarta lição com base na atitude do cão imprudente.

Primeiro, vou compartilhar os três ensinamentos colocados junto à imagem e minhas observações a respeito deles:

1. Às vezes, a melhor resposta diante de uma provocação é não lutar.

Concordo com a frase por várias razões, mas também porque existem pessoas descontroladas que gostam de guerrear contra os outros, gostam de brigar e têm grande necessidade pessoal de discutir. E o que dizer daquele tipo de pessoa que fica tão preocupada em provar que está certa que parece preferir brigar do que evitar discussões a fim de manter a paz e a serenidade? Para elas, a pergunta que fica é: Você quer ser feliz ou ter razão?

No grupo de briguentos estão os que se sentem valorosos por brigar, falar alto, disputar com os outros. Por que não podem se sentir de valor sem criar uma guerra emocional? Teriam sido vítimas de pai ou mãe também agressivos verbalmente, tendo copiado o modelo paterno/materno?

Contudo, copiar comportamentos ruins, apesar de comum, não precisa nos escravizar para sempre. E não deveria ser usado como desculpa para permanecer na mesma atitude. Cada adulto consciente tem a possibilidade de escolher um comportamento melhor ou pior. O primeiro passo é não fugir da verdade sobre si mesmo. O segundo é decidir agir melhor.

2. Nem todas as oportunidades são para ser agarradas.

Algumas supostas oportunidades, na verdade podem ser armadilhas. Você pode ter uma meta valorosa na vida e, então, começa a dar passos para atingi-la, até que, de repente, surge uma chance de fazer outra coisa que parece oferecer mais dinheiro, status, fama, etc., mas que pode ser uma opressão contra você para lhe tirar do caminho certo. Preste atenção e avalie as possibilidades com cautela.

3. Uma pessoa pode se tornar tão determinada a destruir outra pessoa que fica cega e acaba se autodestruindo.

Você já tentou ou viu alguém tentando destruir um namoro, noivado ou casamento de outrem por causa de sua paixão para com a pessoa comprometida? Bem, saiba que é impossível uma pessoa destruir outra, seja por um relacionamento, seja no mundo da competição comercial e empresarial, na luta por poder político usando meios e métodos corruptos, nas disputas maliciosas nas igrejas e outras instituições pela posição hierárquica, e seu corpo e mente não sofrerem junto da parte ofendida. A biologia molecular, a neuroquímica, a imunidade, as funções endócrinas e o centro executivo cerebral humano são governados por leis fixas e adoecem quando qualquer tipo de mentira os atinge.

Com o desdobramento de minhas percepções sobre as frases da propaganda, formulei um quarto pensamento:

1. Uma pessoa impulsiva geralmente deixa sua emoção (sentimento) ficar à frente de sua cognição (pensamento) ao lidar com os outros e consigo mesma.

Por que as pessoas estão ficando mais impulsivas? Você sabia que até o que comemos pode contribuir para nosso descontrole e impulsividade? Além disso, muita gente tem ainda que lidar com o consumo de drogas ilícitas, abuso do álcool, excesso de medicamentos sintéticos, visão superficial da vida (o que vale é o que você sente, por exemplo). Você sabia que o egoísmo promove alteração na neuroquímica? A impulsividade com frequência leva pessoas a atos ruins, e a falar palavras e/ou praticar atitudes impulsivamente que machucam os outros e a si mesmas, podendo ao final se perguntar por que motivo haveria de ter perdido a cabeça daquela forma…

Qual seria a resposta? A resposta é: a cabeça estava dominada pela emoção, pelo sentimento, em vez de administrada e controlada com maturidade pelo pensamento, pelo raciocínio, pela cognição. Uma pessoa impulsiva pode aprender a ter autocontrole emocional? Sim, pode! O primeiro passo é se perceber como impulsiva, admitir tal característica, não negar sua impulsividade nem colocar a culpa em pessoas ou coisas fora de si, decidir mudar e procurar ajuda para isso.

Cesar Vasconcellos de Souza é médico psiquiatra
www.doutorcesar.com.br

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