É Natal em mim!
O valor da vida humana sob a ótica divina
Datas comemorativas são importantes porque nos remetem à relevância de alguma ocorrência que pode estar relacionada a coisas, eventos ou pessoas. Na verdade, toda data especial está mesmo ligada a alguém. Talvez seja assim para que não nos esqueçamos de que o ser sempre prevalecerá sobre o ter. Eu sei, isso é um grande clichê: o ser no lugar do ter. Procuro evitar clichês, mas abro uma exceção quando percebo a possibilidade de haver neles algum valor.
Se você está pensando que vou falar sobre o amor fraternal, a solidariedade ou fazer alguma acusação quanto ao consumismo selvagem, enganou-se. A intenção é apresentar o menino Jesus. Você já deve conhecer ou pelo menos ter ouvido algo a respeito. Presépios, músicas, livros e filmes… há uma infinidade de recursos de comunicação contendo Sua biografia.
É… Jesus é muito conhecido e, como sabemos, Ele nasceu destinado a cumprir uma missão. A concepção misteriosa apontava para a grandeza incompreensível de um artigo de luxo chamado amor. O Criador de todas as coisas, desde as bilhões de longínquas estrelas à frágil formiga que incansavelmente trabalha; o Ser, originador de todos os demais seres – humanos, da fauna ou da flora –, criador até do vento, decidiu voluntariamente despojar-Se de Sua posição e revestir-Se de humanidade. Mais que isso, Ele humanizou-se no sentido pleno da palavra, identificando-Se com as necessidades mais profundas do novo habitat. Foi tentado, provado, insultado, traído e mal interpretado. Foi injustamente condenado e assassinado. Morreu, no entanto como oferta espontânea em favor de todos os que desejassem ser redimidos. Ainda que tenha sido decifrado paradoxalmente, tinha mais um nome: Emanuel – Deus conosco.
Deus conosco!
O Deus inacessível, que habita distante, no Céu da imaginação infantil, escolheu, certa vez, ausentar-Se temporariamente de lá. O Rei Se fez plebeu, não só para ensinar qual é a conduta ideal; não para denunciar delitos escancarados ou latentes, não, não! Ele não deixou o reino da luz e desceu ao planeta Terra somente para reduzir Seu legado à condenação de pecadores.
Ele não veio só para curar enfermidades, tampouco para saciar carências temporárias apenas. Ele veio para ser paciente com a dureza do coração, para instigar o entendimento tardio e para fazer renascer as mentes engessadas pela tradição. Veio despertar a fé que move o olhar para além das peculiaridades do agora. Veio traduzir, pessoalmente, o significado de Seu reino. Sua metodologia? O mais simples e, portanto, completo amor.
Por mais atrativas que sejam, as festividades do Natal nem sempre conseguem reunir todos os que amamos. Não é fácil deslocar-se quando as distâncias são muito longas. Imagine o que foi a viagem cósmica do Criador, a ponto de Se materializar em criatura. Jesus, o aniversariante do mês, tomou toda essa iniciativa só para que você percebesse que tem real valor! Um valor capaz de fortalecer seu amor próprio, de amadurecer sua autoimagem e de fazer você enxergar que a autoaceitação é o primeiro passo na aceitação do próximo. É também uma boa estratégia para se alcançar saúde mental e espiritual.
Entender quanto os outros valem pode ser mais fácil do que entender quanto você mesmo vale. A proposta não é para que você desenvolva um amor narcisista ou egocêntrico. Ao contrário, é para que você finalmente assimile que sua vida custou o esforço divino, a vida de Deus. Tal entendimento faz com que o Natal aconteça em você primeiro. O dilema filosófico entre o ser e o ter, tão comum nessa época, desaparecerá porque você mesmo será e terá o Natal dentro de si. Há quem julgue tudo isso um belo mito de fundo moral. Mas, seguramente, esta não é uma mensagem de autoajuda. É só mais um meio de reviver a fé cristã, pois a fé é fundamental à saúde!
Ágatha Lemos é editora associada de Vida e Saúde
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