Evitando os extremos
Em 1929, houve a queda da Bolsa de Valores de Nova York. Os anos seguintes foram marcados por recessão econômica. Os países buscavam alternativas para superar a crise. Nick, na época com 41 anos, era administrador financeiro de uma empresa no Estado americano do Alabama. Em razão da crise, ele adotou medidas que, em sua compreensão, seriam a alternativa de sobrevivência da empresa.
Nick deu início a um processo de demissão de funcionários. Seus critérios foram os mais variados. Na lista dos demitidos estavam aqueles de quem ele não gostava, embora muitos deles fossem competentes. Cerca de três anos antes, um estudo avaliativo constatou que o progresso da empresa, em grande parte, foi devido à competência de muitos daqueles funcionários que estavam sendo demitidos.
Aqueles que permaneceram foram submetidos a exigências e normas contrárias à filosofia da empresa e, o que é pior, em pouco tempo, boa parte daqueles funcionários começou a ter problemas de saúde. O número de pacientes chamou a atenção do médico que logo se pôs a investigar a provável causa para isso. Ao conversar com alguns pacientes, o médico descobriu que a maioria deles era vítima de crises emocionais em razão do tratamento que Nick lhes dava.
De imediato, o médico solicitou uma audiência com Nick. Ele introduziu o assunto dando um relatório do que estava acontecendo com os funcionários. Em seguida, fez um comparativo com os outros anos de funcionamento da empresa. E, por último, disse: “Sua empresa está doente. Emocionalmente, seus funcionários não estão bem. E o problema é fruto de seu modo incoerente de tratá-los.”
Pela primeira vez, Nick se deparava com alguém que lhe dava um diagnóstico diferente de todos os que já tinha ouvido: a falta de coerência em lidar com aqueles que faziam a empresa funcionar.
Segundo o Dicionário Aurélio, coerência é “ligação ou harmonia entre situações, acontecimentos ou ideias; relação harmônica; conexão, nexo, lógica. É ausência de contradição.” De fato, quando a contradição marca algum tipo de procedimento e até mesmo um discurso com as melhores intenções, é dito haver incoerência.
Há dois mil anos, Cristo pronunciou as seguintes palavras: “Devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas” (Mateus 23:23). Essas palavras foram proferidas por Jesus ao fazer um discurso no qual descreveu a postura incoerente e contraditória dos líderes religiosos de Seu tempo. A ênfase dessas palavras foi a incoerência deles ao ensinarem uma coisa e fazerem outra. Eles enfatizavam a letra dos preceitos da lei, mas passavam por alto aspectos relevantes da lei: justiça, misericórdia e fé. No pensamento de Cristo, uma coisa não anulava a outra. O aspecto central de Suas palavras é que aqueles líderes estavam sendo incoerentes dentro da própria lei.
Certa vez, alguém disse que o zelo sem entendimento mata. Zelar pelo cumprimento dos preceitos da lei é uma postura correta. Porém, se esse zelo não é acompanhado de coerência, ele se torna mais destrutivo do que construtivo. E foi exatamente nesse ponto que a crítica de Cristo àqueles líderes encontrou seu sentido pleno.
Essa lição atravessa o tempo e chega também a nós que vivemos no século 21. A coerência deve estar presente em nossos atos e atitudes. Por exemplo, se queremos desfrutar de melhor saúde, é fundamental que adotemos estilo de vida marcado pela coerência, principalmente quando queremos atingir determinadas metas.
De fato, muitos benefícios nos contemplam quando fazemos da coerência uma marca em nossa vida.
Acredite!
Nerivan Silva é editor associado de Vida e Saúde
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