Não desista
A vida é uma sucessão de vitórias e fracassos, mais vitórias que fracassos, se confiarmos em Deus
Angie estava lutando. A despeito do sobrepeso corporal que ostentava, não se sentia humilhada. Ela conversava com facilidade e ria frequentemente enquanto seguia os procedimentos de internação. Sob seu corajoso sorriso, todavia, havia um coração partido. Ela havia sido um fracasso. Não apenas um fracasso comum, mas um fracasso impressionante. Mesmo assim, esse não era um sentimento familiar em sua vida.
Angie fora uma mulher feliz, cheia de energia, que levava a vida em alta velocidade. “Apesar de tudo”, contou ela a seu marido Ted, “vivemos dez anos mais que mamãe e vovó. Ambas morreram de doenças cardíacas, mas eu me sinto bem.”
Mas Angie não estava tão bem. Um dia, molestada por um ferimento nas costas, ela enfrentou a realidade: pressão alta, obesidade e colesterol perigosamente alto. Era tempo de agir. Com determinação ela se inscreveu num centro de saúde próximo de sua casa. Ela precisava ficar bem! Vinte e cinco dias mais tarde ela se sentiu uma nova mulher. Sua história era de grande sucesso. Sua face radiante e seu corpo saudável e em forma eram testemunhos impressivos. Por dois anos ela foi o “Anexo A” para qualquer pessoa interessada em mudanças saudáveis de estilo de vida.
Então veio a queda. Uma crise familiar a fez sair de casa por muito tempo. Estresse, ansiedade e cansaço cobraram seu preço. Sua rotina foi interrompida e os bons hábitos negligenciados. Uma voz interior apelava de tempos em tempos e promessas eram feitas e depois rompidas, refeitas e quebradas novamente. À medida que suas metas retrocediam, o mesmo ocorria com sua motivação. As semanas passaram a ser meses e depois anos.
Num jogo de golfe, certa tarde, Angie fez uma contorção brusca para atingir a bolinha que parecia simbolizar sua crescente frustração. Uma dor súbita e lancinante lançou-a na cama. Foi como se voltasse ao passado, quatro anos antes. O peso retornara, a pressão sanguínea subira. E o golfe, seu esporte favorito, era agora uma dor só. Como ela pôde deixar isso acontecer? A compreensão era um remédio amargo. Assim foi o “Anexo A”. Ela deixou todo o mundo arrasado. A dor da humilhação sobrepujava seu sofrimento físico. A “Sra. Perfeita” não era tão perfeita, afinal de contas. Ela teria de admitir isso, para si mesma e para os outros.
Assim, Angie voltou ao centro de saúde e retomou sua rotina, as caminhadas, as palestras, a alimentação e os tratamentos. Uma vez mais ela melhorou. Durante nossa consulta, eu a animei a ser menos perfeccionista e mais realista. “Você precisa deixar de ser tão obcecada em querer fazer tudo cem por cento.” Eu lhe disse: “Quando faz isso, fica fadada ao fracasso. Ninguém pode estar apto a atingir altos padrões o tempo todo.” Sua nova humildade e disposição de tentar novamente tornou-a mais receptiva aos nossos conselhos. “Afinal de contas”, lembrou, “10% de melhora é melhor que nenhuma melhora.”
Chegou o dia da última consulta. “Sou uma mulher mais sábia agora”, ela confidenciou. “Não saio para uma grande vitória. Vai ser um dia de cada vez.” Angie olhou através da janela, pensando em sua situação e então se voltou para mim novamente: “O fracasso não é tudo, você sabe. Não serei mais derrotada.” Seus olhos azuis pareciam calmos. “Meu segredo é que estou procurando ajuda de fora. Posso relacionar-me com um Deus que instrui Seus seguidores a perdoar-nos uns aos outros pelo menos 490 vezes (ver Mateus 18:21, 22). Ainda tenho alguns caminhos para seguir!”
Abraçamo-nos e fizemos uma oração. Essa foi nossa última consulta e logo nos separaríamos. Caminhei até o chalé com ela. “Quatro anos atrás fui para casa com apenas sete dos remédios naturais” (nutrição, água, exercício, ar, repouso, temperança, luz solar e confiança no poder divino), ponderou. “Desta vez, estou levando para meu lar o oitavo também – confiança no poder divino. Esse é que faz toda a diferença.”
Aileen Ludington e Hans Diehl são escritores
Deixe um comentário