O que é essencial
Uma das mais lindas narrativas das Escrituras Sagradas é a do Bom Samaritano. Está registrada no Evangelho de Lucas, capítulo 10, versos 25 a 37. Nela, Jesus falou de um homem que, em viagem de Jerusalém para a cidade de Jericó, foi apanhado por assaltantes que lhe causaram muitos ferimentos e o deixaram quase morto.
Dois homens, um sacerdote e um levita, passaram por aquele mesmo caminho e nenhum deles parou para socorrer aquele homem em sua triste condição. É bom dizer, de passagem, que ambos eram mestres da religião. Ou seja, eles eram os líderes religiosos que estabeleciam as diretrizes e conceitos teológicos que norteavam o dia a dia do povo. Mas, conforme o texto bíblico, eles passaram de largo. Diante disso, a palavra omissão seja, talvez, a única que descreve a atitude daqueles dois homens.
Mas Cristo inseriu em Sua narrativa um terceiro personagem: o samaritano. Ele também passou pelo mesmo caminho dos outros dois homens, e, ao contrário deles, parou e socorreu o ferido, dando-lhe a assistência de que necessitava. Aqueles foram omissos; este agiu. E isso fez toda a diferença nessa história.
Ao contar essa história, Cristo tinha em vista alguns propósitos. Um deles era mostrar que a vida, embora seja repleta de conceitos e teorias, inclusive religiosos, deve ser marcada por iniciativas práticas em favor das necessidades reais das pessoas. De fato, é isso que faz a diferença.
Tempos atrás, eu li uma crônica em que o autor comparava a vida a uma estrada. Segundo ele, todos estamos em viagem por essa estrada. Em vários pontos dela, encontram-se pessoas caídas. Outras, enquanto caminham, expressam uma triste realidade interior. Estão aos destroços em suas emoções e sentimentos.
O mais desalentador é que poucos têm parado para socorrer os feridos. E a questão parece ser simples e até “justificada”: “Cada um em seu quadrado”. Você já imaginou se o terceiro personagem da história de Cristo tivesse essa “justificativa” em mente? Será que teríamos a inclusão dessa narrativa nas Escrituras Sagradas? Com certeza, não!
Ellen G. White, escritora norte-americana, declarou: “Muitos, muitos têm desfalecido e perdido o ânimo na luta da vida, quando uma bondosa palavra de estímulo os haveria revigorado. Nunca devemos passar por alguém sofredor, sem buscar comunicar-lhe do conforto com que nós mesmos somos por Deus confortados” (O Desejado de Todas as Nações, p. 504, 505).
Diariamente, ao nosso redor, estão pessoas que já perderam o ânimo e a motivação para a vida. Atendê-las em suas necessidades faz parte da vida e lhe dá sentido. A emoção e o sentimento de ajudar as pessoas são gratificantes e promovem saúde.
Muitas vezes, sim, mas nem sempre essa assistência implica doar coisas materiais (dinheiro, roupas, alimentos). Às vezes, uma palavra de encorajamento, um elogio sincero, a mão no ombro, valem muito mais do que algumas coisas.
E você, prezado leitor? Será que em sua esfera de ação e geografia, você também pode fazer a diferença na vida de alguém? Conceitos e teorias são importantes e têm seu lugar, mas não se esqueça de que levantar-se e tomar a iniciativa faz toda a diferença.
Cristo disse: “Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes [o bem] a um destes Meus pequeninos irmãos, a Mim o fizestes” (Mateus 25:40).
Pense nisso!
Nerivan Silva é editor associado de Vida e Saúde
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