Pequenas concessões, grandes tragédias
De que precisamos para fazer um voo seguro nesta vida?
A ferida permanecerá aberta por muito tempo, e só Deus mesmo pode confortar devidamente as pessoas que perderam um ente querido vitimado pela tragédia aérea que levou à morte 71 pessoas em uma montanha na Colômbia, na madrugada do dia 29 de novembro do ano passado. Os fideístas chegam ao ponto de dizer que “foi Deus que quis”. Será mesmo? A verdade é que a fatalidade poderia ter sido evitada se não tivesse havido uma série de pequenas concessões. A primeira concessão talvez tenha sido fruto da ganância misturada com autossuficiência. O piloto do Avro RJ-85 sabia que a autonomia de voo desse tipo de avião é de 3.000 km, e sabia também que a distância em linha reta entre os aeroportos de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, e Medelín, é de 2.975 km. Portanto, uma margem muitíssimo pequena e uma probabilidade muito alta de, em alguma eventualidade, a aeronave ficar sem combustível. Foi o que aconteceu naquela fatídica madrugada.
Num plano de voo adequado, é preciso que haja combustível suficiente para, se não for possível pousar no aeroporto de destino, voar até o aeroporto mais próximo dali e ainda ter combustível para mais cerca de 40 minutos de voo. Resumindo: é preciso ter combustível de sobra. O plano de voo tinha pelo menos cinco advertências, mas os responsáveis pela LaMia garantiram que não havia problema, que eles tinham experiência nesse tipo de voo. E foram autorizados. O plano previa a necessidade de reabastecimento em Bogotá, mas o piloto ignorou isso.
Essa triste tragédia da negligência faz lembrar o texto bíblico de Cantares 2:15: “Apanhem para nós as raposas, as raposinhas que estragam as vinhas, pois as nossas vinhas estão floridas.” Pense em algumas “raposinhas”, pequenas concessões que vão “corroendo” a vida e que podem levar a uma tragédia.
No trabalho, “pequenas mentiras”, desonestidade, falta de interesse podem aos poucos destruir uma carreira e a reputação. Por isso, valem os conselhos: “E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens” (Colossenses 3:23). “Devemos ser fiéis nas coisas pequeninas. Aquilo que merece ser feito, merece ser bem-feito. Seja qual for a sua obra, executem-na fielmente. Falem a verdade a respeito dos mais insignificantes assuntos” (Mensagens aos Jovens, p. 145).
Mas é na família que as “raposinhas” e as pequenas concessões causam os maiores estragos. Primeiro, porque o lar nos deixa mais à vontade para ser quem realmente somos; segundo, porque Satanás tem grande interesse em destruir as famílias. A força de uma família começa com uma relação conjugal forte, cheia de amor, madura e abençoada. O casal deve fazer de tudo para preservar o relacionamento conjugal livre dos ataques de fora e de dentro. O maior legado que os pais podem dar aos filhos é um exemplo de amor verdadeiro, de respeito e companheirismo. Os filhos tenderão a reproduzir esse modelo na família deles, e os filhos deles também, numa verdadeira reação em cadeia do bem.
A boa notícia é que Deus está disposto a nos ajudar na administração da vida. Para isso, precisamos dar atenção à nossa comunhão com Ele por meio da oração e do estudo devocional da Bíblia. Se quisermos voar em segurança nesta vida, precisamos estar com o tanque da fé bem cheio e reabastecê-lo constantemente.
Quando o assunto é “vida espiritual”, não podemos nos contentar com pouco. Precisamos ter combustível mais que suficiente no tanque. Uma parábola de Jesus que ilustra bem isso está registrada em Mateus 25:1-13. Leia em sua Bíblia, medite nessa história, tire suas conclusões e tome uma decisão.
Michelson Borges é editor da revista Vida e Saúde
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