quinta-feira, 28 março

Transtorno Afetivo Bipolar

Texto por: Equipe VS 12 abril, 2019 Sem comentários

Um dos transtornos do humor mais conhecido é o Transtorno Afetivo Bipolar, que se caracteriza por momentos de euforia e depressão. Uma pessoa bipolar tem dias em que se sente deprimida, sem ânimo, sem prazer em nada, sem energia. Em seguida ela pode passar para a fase eufórica, na qual ela se sente poderosa: dorme pouco, pois tem muitos planos em mente, o pensamento fica acelerado, irrita-se quando se tenta mostrar que ela não está bem, além de gastar acima de suas possibilidades financeiras, entre outros sintomas.

As oscilações de humor no portador da doença bipolar fazem com que ele esteja ora deprimido, ora eufórico. Se isso ocorre num mesmo dia, chamamos de “ciclagem rápida”. E ele pode viver deprimido uma semana, dois meses, seis meses, sair da depressão, ficar normal, e algum tempo depois entrar na euforia, também chamada de “mania”, ou “crise maníaca”. Muitos bipolares podem ter períodos de remissão da doença, ou seja, eles ficam bem, sem depressão e sem euforia.

Estudos descrevem que muitos bipolares tiveram uma infância cheia de traumas psicológicos, como abusos emocionais, físicos e sexuais, divórcio dos pais, violência na família e outros. Segundo o cientista P. B. Mortensen e colaboradores, num artigo de 2003 intitulado “Fatores de risco individual e familiar para a desordem afetiva bipolar na Dinamarca”, a perda precoce dos pais, principalmente a perda da mãe, está fortemente associada ao desenvolvimento do transtorno bipolar, e as crianças que perdem suas mães antes dos cinco anos de idade têm um risco quatro vezes maior de desenvolver transtorno bipolar (MORTENSEN P. B., PEDERSEN C. B., MELBYE M., et al.: 2003).

Porém, nem todas as crianças que vivem esses traumas desenvolvem esta doença, porque não é só a qualidade da vida afetiva na infância que determina a saúde ou a doença mental de um indivíduo, mas também como ele reage, como lida com o que era sofrimento real.

A percepção da doença

Realmente não é fácil lidar com pessoas que apresentam o Transtorno Afetivo Bipolar. Uma das caraterísticas de uma psicose é a ausência da capacidade da pessoa doente perceber e admitir a própria doença. Ou seja, ela nega estar com problemas de comportamento. Isso dificulta não só o tratamento, mas a vida em família.

Os bipolares que manifestam essa falta de percepção do próprio comportamento alterado revelam um rompimento entre o eu (self) da fase maníaca (eufórica), e o eu (self) do período em que a pessoa estava normal, sem depressão e sem euforia. Isso é interessante e desafiador para os profissionais de saúde que cuidam do paciente, mas problemático para os familiares que convivem com esta ausência de percepção indivíduo que esteve alterado. Portanto, no tratamento psiquiátrico e psicológico de uma pessoa bipolar, em algum momento se faz necessário trabalhar essa questão com o paciente. Isso é importante porque se a pessoa doente reconhece algo de seu comportamento anormal, fica mais fácil aceitar o uso de medicamentos necessários para o tratamento, seguir com as consultas e até detectar quando uma nova crise se aproxima.

É recomendado por alguns cientistas que um familiar do indivíduo com doença bipolar faça uma gravação dos momentos eufóricos com a autorização dele, para que ao mostrar a gravação ao bipolar quando estiver na fase normal, isso o ajude a se convencer de que esteve realmente alterado, e que por isso precisa cooperar com o tratamento, tanto medicamentoso quanto psicológico.

Cesar Vasconcellos de Souza / www.doutorcesar.com.br

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